quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Oscillare

Oscillare..

Melancolia e euforia
Ansiedade e angústia
Nostalgia e saudade
Tristeza e alegria
Sanidade e loucura
Liberdade e prisão
Na embriaguez fez canção
Raiva e amor
Ódio ou rancor?
Sentira dor, terror, ardor
Preciso falar, chorar, gritar
Saudade não é amarga, não
Descobriu-se!
Construiu, des-construiu, re-construiu
{Des} Esperança
Outrora perdeu, por ora ganhou
Do que passou, algo restou
Buscou, ganhou, transformou
Não foi em vão
O novo é bem-vindo!

Igo Ribeiro

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Saudade, apenas!

Saudade do tempo que passou, que não volta
Saudade do "eu" que fui e transformei
A lágrima fazendo sentir-me estranho, estranha dor
Ao indagar que dor é essa, logo sei que é saudade
Estranho é estar longe e querer estar perto
Quisera trazer comigo aqueles que admiro,
que além de amar desejo proteger
O medo que consome, o medo de perder
Perder a infância que há na criança
Perder os velhos que eram novos
Novos que hoje caminham em direção ao velho
Triste é pensar que não verei mais nos velhos
aquele velho amigo; aquele velho olhar
Nem mesmo encontro em mim aquele "eu" de outro dia
Da infância que se perdeu nas páginas das lembranças
Caiu na teia do esquecimento, restou apenas..
Apenas vagas e repetidas imagens ecoando
O passado refletido no presente
O passado preso na memória buscando repetições
Talvez um dia encontre um resquício,
uma sobra daquilo que marcou, que o tempo afastou
E mesmo que dessas palavras saiam lascas do que fui
E se tudo for realmente possível
Com certeza, ainda sentirei "saudade".

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Caso Uniban: Geisy

Interessante como o caso teve tamanha repercussão! Até parece que todos realmente se preocupam com tais questões. Sendo assim acho interessante comentar um pouco a respeito. O caso me fez pensar o quão medíocre são as pessoas, nesse caso especificamente, os 'universiotários' da Uniban! Onde e quando pode-se fazer uso do direito garantido por lei? Constituição Federal, Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Obviamente os estudantes dessa universidade não se prestam a entender que TODOS tem direito à liberdade. É possível pensarmos a questão sobre várias perspectivas, no entanto julgo importante pensar até que ponto a sociedade tem evoluido. Pois é, se comportamentos assim partem de universitários que, teoricamente, são formadores de opnião, realmente não vamos p'ra lugar algum. Inclusive, talvez estejamos voltando no tempo em que as pessoas foram queimadas vivas por não compartilharem de ideologias cabíveis em sua época. Porra, se não conseguimos exercer o direito PRIMORDIAL, ESSENCIAL, INDISPENSÁVEL, para que possamos viver e conviver "socialmente", não podemos NADA! O que presenciamos são comportamentos violentos que são bem representados na mídia. Sim, comportamentos estes que buscam perpetuar uma sociedade claramente machista, onde a mulher, os homossexuais e minorias NÃO tem espaço para exercer o direito à vida. Ainda ouvimos falar em sociedade pós-moderna, contemporânea e o diabo! Onde está essa sociedade que verbaliza, porém na prática prega o contrário: ela pode se manifestar da forma que lhe convém, desde que faça isso às escuras; bem como, ele pode ser gay, desde que não manifeste publicamente, ou, não tenho nada contra, desde que não me chege perto. Isso é liberdade de expressão? Dessa forma penso que seja realmente preciso ESCANDALIZAR para ser ouvido. Sim, acho que é preciso mais que movimentos sociais, é preciso barulho; pois já que "as pessoas" não escutam por bem, é preciso fazer com que elas escutem forçosamente. Que situação deplorável, vergonhosa. Nem é preciso dizer que parte de tudo, senão tudo, deve-se ao fato da mídia desse país cultuar um padrão estético de beleza voltado EXCLUSIVAMENTE p'ra mulher branca, magra, alta. Se a estudante em questão tivesse essas caractérísticas, teria saído escoltada da universidade por estar vestida da forma que estava? O que assistimos na Tv então não é vulgar? Realmente, às vezes me assusto com o relativismo presente hoje. Essa "subjetividade coletiva" tem me assustado de forma assombrosa, se isso ainda for possível!

domingo, 19 de julho de 2009

Acordar, viver


Como acordar sem sofrimento?

Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

C. Drummond de Andrade

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Traduzir-se

De início vou postar um escrito do Ferreira Gullar que muito me marcou. Entre as tantas facetas da vida, a arte é a que mais me instiga, bem como a que mais me consola; sendo assim, esse escrito, musicado por Adriana Calcanhotto, fala por mim nos meus muitos momentos de indiferença e indagação para comigo mesmo e com a vida:

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim, pesa
Pondera
Outra parte, delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem
Traduzir uma parte noutra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte? Será arte?

Ferreira Gullar